Não,



Eu não me lembro.
Eu jamais me lembraria.
Eu não poderia me lembrar.
Eterna elegia do eterno carnaval: estar.
Tento a redenção balanceando a vivência
A balança é inalterável:
Se a morte é suave como uma pluma
A vida é irrelevante como um homem.
Já é tarde, fui seduzido pela noite
Estive aqui, outrora
Procurei refúgio, alguém
Deu-me outro mundo consolo
Tentou-me definir o indefinido.
Não, um homem pode fugir da vida,
Pode fugir dos homens,
Pode fugir da sorte,
Jamais da frieza pulsante de si.
Tão inexplicável quanto a auto-piedade,
Tão cega quanto o conforto do colo de Deus.
Talvez eu me lembre de mim,
Não, eu não me lembro.
Eu me perdi em todas as esquinas que passei.
Eu me deixei levar por qualquer golpe de ar, pois
Se se algum homem sabe amar
Sabe que amar convém ao corpo como a liberdade convém à alma.
E eu estou preso à ânsia por me sentir [livre?]
Não, nenhum mundo tangível jamais me definirá
Nem eu subverterei nenhum mundo a mim.
Insensatez? Não, pois aflige-me o caminhar das formigas,
Pois irrita-me o nascer das estrelas mortas,
Pois toca-me o peso da alma.  [porém]
Ainda me encontro vivo, sim, ali.

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