O Fim do Começo

Eu não me lembro de como eu era. Eu não me lembro da imagem no espelho, da forma como eu pedia ajuda, das mãos sempre distantes de minha mãe, dos motivos que eu tinha para não rir e das felicidades passadas, as mais cruéis dores presentes.
Este já não sou eu. Não me reconheço em gestos-amores-olhares. Sou eterno em palavras por sua quentura em noites lúgubres, que já não consigo me lembrar. Sou parte dessa poesia incompreendida que nos tornamos, todos nós, todos os dias. Sou outra-uma vírgula neste mundo.
Hoje, foi-se o meu sonho e ficou o meu homem, com sua eterna ironia: a evolução perfeita nos criou menos mineral que os minerais, menos animal que os animais, menos humano que os humanos que poderíamos ser.

Neste mundo, cada homem é um livro que começa do fim.

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