Ato III - Poeta mantém estável solilóquio entre os carros


Quando te construíram, homem,
Eu estava lá.
Vi que emergiste junto com o amor, como o amor,
Pelo amor, para o amor.
Dos cantos lúgubres, de algum sonho proibido,
Quase imperceptível, mas senhor de si.

E hoje, para o que olho?
Fragmentos, memórias, pudor?
Tu refazes diariamente seu meio,
Moldas todos ao seu redor,
Sentes vontades de qualquer forma de liberdade,
E ainda não sabes qual é a sua prisão.
Ela, pois, é o mais lúcido dos anjos,
O mais nobre dos sorrisos,
A única razão de tua vida:
A imensidão perene do morrer.

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