Quatro fotografias da cidade onde nunca morei

I

Se no meio dos festejos de alguma data
tens algo que insiste em pungir
ou em resistir ao frio das horas,
não perca a calma:

Lance um foguete-de-lágrimas,
cuja beleza iguala alegria e dor
como partes naturais de nós,
e celebre todos os meandros
que há entre o viver
e o estar-vivo.

II

Sobem a montanha
descem a montanha
tornam a subir.

Bebem água,
comem algo,
rezam pelo fim.

Se encontram,
riem cálidos
perguntam por ti.

Correm,
afinal choveu
e ao final nascerá.

Eu, parado, admiro
pois sequer desconfiam
do que seja
a própria vida.

E, por Deus,
quem me dera não saber.


III

Poço dos milagres
cuja mera existência
é um milagre-em-si.

IV

Senhor,
o passado
só é místico
por ter passado.

Senhora,
a invenção
é a vida
em arte.

Senhor,
o tempo nos marca
como marcamos
o tempo.

Senhora,
até a sorte
tem algo de
essencial.

Velha terra,
não me devolva nunca
nunca
o meu coração





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