Dezoito

Eu vejo a minha juventude através de uma janela
opaca.
São tempos onde significados prevalecem sobre as ações: no terceiro milênio, o conforto é um axioma e, por favor, mais um copo.
No terceiro mundo, o conforto é um axioma e é a juventude quem ri por esquecer por não saber por se sentir acima de todas as verdades possíveis.

Não me comove/eu não comovo

Na síntese, na tese, na Depressão todo homem é só.
O covarde é quem chora ou o covarde é quem foge? Repensar o século XXI dentro de um apartamento: a ausência de crítica é falta de entendimento: a ausência de auto-crítica é mero conformismo.
A juventude como bloco sólido-uniforme à deriva na maré, sendo que eu sou, sim, jovem, como também sou parte de intransferível de mim.

Tristeza é tempo osioso, eu li no jornal.
Tristeza é filha do impossível viver-agir só.

Eu não me comovo/a humanidade não me comove.

Mas, eu digo sim às pessoas: e digo por ser o único lugar para estar vivo.
E, no entanto, no antes-durante-depois
a juventude me vê através de uma janela
translúcida. 

Pergunto

Por que, na vida, tendemos à obscuridade?

E se, no meio do redemoinho,
são olhos obcecados que assistem
(muito mais frios do que altivos)
às velhas engrenagens
da mais nova máquina do mundo?

E se este rodamoinho nada mais significa
e você se vê
sozinho
reduzido às formas primitivas do seu quarto
e da sua alma?

Sei que há muitos mundos em um homem,
mas não sei se há, ainda, algum homem neste mundo.